És bestial se estiveres no Poder. Não estás, és besta

O antigo Presidente francês, François Hollande, afirmou hoje, em Luanda, que o próximo destino turístico no mundo será o continente africano, prevendo que, até 2030, possa atingir 2.000 milhões de turistas, o dobro do número actual. Em 2015, como Presidente, disse: “A França confia no futuro económico angolano. Sentimo-nos impressionados com o potencial de Angola”.

François Hollande discursava no Fórum Mundial do Turismo, inaugurado hoje no Centro de Convenções de Talatona, a sul de Luanda, sobre o tema “Visão sobre o Turismo no Mundo: Desenvolvimento e Inovação”, intervenção em que lembrou a experiência da França, primeiro destino turístico mundial e o quinto maior país do mundo em receitas provenientes do sector.

Segundo o antigo Presidente francês (2012-2017), o mercado africano ainda representa apenas 5% do turismo mundial, mas tem vindo a crescer de forma consistente e significativa, o que não espantará ninguém se duplicar o número de turistas até 2030, considerou.

Sobre Angola, cujo Governo está a tentar avançar com o desenvolvimento do turismo, Hollande aconselhou as autoridades a respeitarem as “sete regras de ouro” no sector, com a primeira a passar por um investimento criterioso e de qualidade nas infra-estruturas de transportes, aeroportos, estradas e unidades hoteleiras.

De acordo com Hollande, Luanda terá também de encontrar um operador para garantir a gestão dos equipamentos turísticos, definir locais de excepção para assegurar a atracção de turistas e diversificar a oferta, valorizando o património local, bem como a formação, “com elevado nível de qualidade”, de funcionários para os diferentes níveis da hotelaria.

A esse respeito, o antigo chefe de Estado francês indicou que França e Angola já assinaram um acordo de cooperação que tem vindo a formar quadros com “alto nível de profissionalismo” para apoiar o turismo angolano.

Ainda como regras fundamentais, Hollande indicou ser necessária uma promoção turística do país no estrangeiro, visando todo o tipo de clientela, e criar ligações aéreas e terrestres de qualidade.

Como última “regra de ouro”, o ex-Presidente francês falou sobre a questão da segurança, algo que o turista mais consulta nas diversas plataformas digitais existentes antes de viajar.

“A insegurança é dissuasora. A actualização constante das informações sobre cada país na internet é primordial. Não se viaja em turismo para zonas onde reina a insegurança”, defendeu, lembrando também a importância dos pacotes turísticos massificados promoverem a protecção do ambiente.

“Não há políticas de turismo sem política de defesa e protecção do ambiente. Ninguém vai visitar rios em que as águas são poluídas”, exemplificou.

Após a intervenção, Hollande foi recebido pelo Presidente João Lourenço – encontro que esteve inicialmente previsto para o início da manhã e que acabou por ser realizado ao princípio da tarde -, tendo, no final, elogiado a “visão estratégica” do chefe de Estado de Angola na promoção do turismo como factor de desenvolvimento.

“O Presidente João Lourenço entendeu o que é o turismo. Não, simplesmente, na visão de visita de pessoas, mas no que o turismo pode proporcionar ao desenvolvimento das artes, do comércio e de outros sectores da economia angolana”, afirmou François Hollande, dizendo acreditar nas potencialidades de Angola e nas “grandes oportunidades” de investimento para nacionais e estrangeiros.

O 24º Presidente da República Francesa, que já tinha estado em Angola em 2015, tendo, na altura, mantido um encontro com o então Presidente José Eduardo dos Santos, declarou que o empresariado do seu país pode ajudar a desenvolver o turismo em Angola, dada a capacidade e experiência que tem em domínios como o hoteleiro.

Hollande acrescentou que o seu sucessor, Emmanuel Macron, deverá visitar Angola em 2020, no quadro do reforço da cooperação bilateral nas áreas económica, do turismo e da defesa.

3 de Julho de… 2015

Nesse dia, segundo um acordo assinado em Luanda, os franceses da Accor iriam gerir a rede de hotéis do grupo angolano AAA, permitindo a abertura de 50 unidades e a criação de 3.000 postos de trabalho até 2017.

Tratou-se de um dos três acordos empresariais assinados durante o fórum económico Angola-França, no âmbito da então visita de Estado que o Presidente François Hollande fez a Angola.

“A França confia no futuro económico angolano. Sentimo-nos impressionados com o potencial de Angola”, afirmou o chefe de Estado francês na intervenção nesse fórum, durante a qual reconheceu a necessidade de diversificar a cooperação económica entre os dois países, “que ainda se cinge muito ao petróleo”.

“Investir em Angola significa transmitir uma mensagem de confiança à população angolana e à economia angolana”, disse Hollande, perante uma plateia composta por dezenas de empresários dos dois países.

No âmbito deste fórum foi também assinado um acordo entre a petrolífera francesa Total e a angolana Sonangol para “reforçar a cooperação” e “acelerar as actividades de exploração” dos recursos petrolíferos em Angola. Previa ainda o desenvolvimento da capacidade de operação da Sonangol.

A Total garanta então 40 por cento da produção angolana de petróleo e investia anualmente no país, nesta actividade, 2,5 mil milhões de euros.

Este acordo foi sublinhado pelo Presidente francês, ao garantir que “permitirá prosseguir este ritmo de investimento nos próximos anos”.

Ainda no âmbito do acordo envolvendo as duas petrolíferas estava prevista a distribuição em Angola de sistemas de iluminação e candeeiros solares, através do projecto “Awango by Total”.

Um terceiro acordo – além de várias cartas de intenção – foi assinado na presença de François Hollande, nesta caso visando a modernização, até 2022, do Instituto Nacional de Meteorologia de Angola (Inamet), através de uma parceria com o instituto público Météo Française Internationale (MFI) e a empresa angolana LTP Energia.

Não foram revelados os montantes financeiros dos três acordos assinados neste fórum empresarial.

O Presidente francês anunciou ainda que a transportadora aérea Air France iria avançar com um terceiro voo semanal entre Paris e Luanda.

“Tudo isto revela que estamos num movimento de amplificação e de diversificação das relações económicas”, sublinhou Hollande, antes de se referir à necessidade de Angola “facilitar” alguns trâmites, como pagamentos do Estado, regras fiscais e acesso a divisas.

“Para que as empresas possam investir em Angola com maior facilidade”, disse ainda.

Agricultura, planeamento urbano, transportes, energia e água, infra-estruturas, comunicações e geologia e minas são áreas prioritárias identificadas desde 2014, no relançamento das relações bilaterais, na cooperação económica entre Angola e França.

O Presidente francês foi (é claro) recebido no Palácio Presidencial, pelo homólogo angolano, José Eduardo dos Santos. Para Hollande, nessa altura, o então presidente angolano era bestial…

Folha 8 com Lusa

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